Obrigada!

Agradecemos a todos que participaram do concurso cultural. Abaixo, os textos dos ganhadores, Marcio Figueiredo dos Santos e Drielle Alexandre Crepaldi.

 

Para saber mais sobre o livro, clique aqui.

 

O conto serenidade, sobre o qual os participantes escreveram, continuará disponível. Para ler o conto, clique aqui.

 

acontece nos livros é um canal no YouTube no qual Whisner Fraga comenta livros da literatura brasileira contemporânea.

Marcio Figueiredo dos Santos

 

Whisner Fraga, que trafega bem tanto no verso quanto na prosa, tem o dom de produzir obras-primas . No conto “serenidade” ele apresenta sofisticação de sempre, sem abusar de adornos e e floreios desnecessários.

Fraga pertence à estirpe dos grandes. O autor é daqueles que conseguem um texto no qual a alta poesia transita harmoniosamente com o olhar crítico à realidade. Em um desestimulante mar de mesmices, o escritor mineiro é um sopro de vida com sua prosa vigorosa, instigante e extremamente profunda. A literatura brasileira contemporânea está bem representada.

No conto “serenidade” ele conseguiu, em forma de ficção, diagnosticar o impacto do isolamento social, o açoite da pandemia e suas consequências no cotidiano das pessoas. Os personagens confinados, sofrem pelo angustiante processo de ter suas rotinas modificadas de forma abrupta. O leitor mais atento perceberá que o definhar lento das plantas e o sumiço da gata, seguido da morte da mesma, não são fatos isolados, mas partes de um processo de alheamento da realidade.

Embora não seja a intenção do autor, o texto gera um desconforto. O leitor não fica apático, mas ele sofre uma identificação imediata com os personagens.

O conto “serenidade” é denso, forte e profundo. Não seria exagero dizer que trata-se de uma obra pesada, no mesmo o patamar de Dostoiévski e Kafka. O desfecho é impactante e deseperançoso, com seus personagens acuados, isolados, não só pelo “mal” que os oprime, mas também pela paralisia que o medo propicia.

Drielle Alexandre Crepaldis S


A princípio, o que me veio à mente foi a guerra, algo ligado ao desespero, onde no começo do texto me prendi em um onda frenética de que logo viria a morte. Mas entendi que era a doença, que era como se algo consumisse tudo, até mesmo a esperança. E quando entendi que era a doença, também entendi que não era frenético, era lento e doloroso, como se fosse sugado por uma onda de dor, melancolia e solidão.

Onde não se tem mais o desespero, só um medo cansado, a apatia e a desistência da morte. Pensei o texto todo que Helena talvez tivesse morrido, mas no final entendi que isso não faz tanta diferença, porque ele e Helena exalam solidão, onde mesmo juntos não sabem mais como se sentir próximos, se não pela dor.